sábado, 27 de junho de 2009

REFLEXÕES DA 10ª E 11ª AULA (16/06 E 23/06)



Nas aulas desses dois dias discutimos o texto: "Práticas de linguagem oral e alfabetização inicial na escola: perspectiva sociolinguística", de Erik Jacobson. O texto faz parte do mesmo livro do qual foi extraído o texto das aulas anteriores (Contextos de alfabetização na aula, de Ana Teberosky e Núria Ribeiro). O livro intitula-se Contextos de Alfabetização Inicial (imagem ao lado).
É importante ressaltar que o texto que estarei explorando nesse momento é uma ampliação do texto anterior na perspectiva do bilinguismo, temática fortemente presente no mesmo.
Dentre os pontos importantes do texto, destaquei alguns que considerei mais relevantes:
  • No convívio com a família, antes mesmo de chegarem ao ambinete escolar, as crianças sabem em que situações fazemos uso das linguagens oral e escrita e que existem locais e tempos apropriados para fazê-los. A escola deve propiciar às crianças possibilidades para que ampliem e dominem o universo da leitura e da escrita, que é bastante amplo e não se reduz à mera decodificação, como propõe uma visão tradicional de alfabetização;
  • As "múltiplas alfabetizações" referem-se às inúmeras possibilidades que a escola tem de oferecer práticas contextualizadas de leitura e escrita, uma vez que a sociedade letrada que vivemos atualmente oferece uma gama muito ampla de materiais concretos a serem explorados, materiais esses que estão de alguma forma presentes na vida dos alunos. É papel da escola e do professor perceber que situações concretas de leitura e escrita o aluno vivencia, aproveitá-las am sala de aula e ampliá-las, gerando avanços na aprendizagem da língua;
  • É importante que o professor tenha um mínimo de domínio sobre a questão da variação linguistica, a fim de que possa levá-la em consideração em suas práticas de sala de aula, demonstrando respeito por ela e abordando os diversos contextos de comunicação, mostrando, por exemplo, que na cidade se fala de uma forma diferente do interior, de um estado para o outro também existem inúmeras variações;
  • O professor deve mostrar às crianças as diferenças que ocorrem do momento da fala para o momento da escrita. As crianças no início do processo de alfabetização costumam escrever da maneira que falam, é um conflito epistemológico vivenciado por elas. Dessa forma é importante que através de situações de aprendizagem criadas pelo professor, as crianças aos poucos, dissociem essa idéia e compreendam que a escrita deve seguir uma norma padrão, ao contrário das muitas situações nas quais a linguagem oral pode se dar, inclusive no que concerne à funcionalidade da língua, que está diretamente relacionada ao contexto no qual a criança ou o adulto esteja inserido;
  • O domínio de uma determinada língua de forma oral e escrita pode se dar de acordo com a funcionalidade dessa língua e com as necessidades de cada indivíduo. O texto dá alguns exemplos para reiterar essa discussão. Um bom exemplo aqui no Brasil é a alfabetização de algumas tribos indígenas, que são alfabetizados na língua materna, devido à preservação dos costumes e da cultura e na língua portuguesa, devido ao domínio desse idioma no terrítório brasileiro. A Lei de Diretrizes e Bases, nº 9394/96 expilicita o oferecimento da educação indígena, em seus artigos 78 e 79. O artigo 78 tem bastante relação com alguns pontos abordados no texto que está sendo refletido, como podemos verificar:
"Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilingüe e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:

I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;

II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias."

Assim, podemos perceber que a oferta da educação bilíngue também é uma realidade brasileira.

  • Em alguns países do mundo e em algumas sociedades que já foram colonizadas, ou até mesmo aquelas que recebem um número muito significativo de imigrantes a alfabetização bilingue é uma realidade nem sempre fácil de ser encarada. Há também a questão de a criança ser alfabetizada numa determinada língua, mais pelo valor social dessa língua do que até mesmo pela sua utilidade;
  • As estrtégias utilizadas pelos educadores no sentido de trabalhar a oralidade dos alunos podem ser as mais diversas possíveis. O importante é que alunos e professores entendam e se façam entendidos numa conversa ou na discussão de um tema;
  • É essencial que a escola prepare seus alunos para se adequarem às diversas situações que estes poderão enfrentar na vida em sociedade, em que os mesmos precisarão fazer uso tanto da linguagem oral, quanto da escrita.
O vídeo abaixo demonstra uma situação na qual é explorada a oralidade das crianças. Gravei esse vídeo com minha turma da Educação infantil, alunos com 5/6 anos. A proposta para a gravação do vídeo surgiu de um projeto realizado em nossa escola intitulado: "Embarcando na Arca de Noé com Vinicius e Viajando pelo Mundo Animal", no qual trabalhamos além das composições de Vinicius de Moraes, as carcterísticas de alguns animais e histórias diversas sobre animais. Uma das etaps do nosso projeto consistia na contação de uma história pelas crianças da turma. Como meus alunos gostavam bastante da história "A girafa que cocoricava" e algumas alunas a recontavam muito bem oralmente, essa foi a história escolhida para ser utilizda nessa etapa do projeto. Resolvi então gravar o vídeo que mostar as alunas Sra e Gabriela fazendo o reconto da mesma. É uma situação bastante interessante, pois além de desenvolver a oralidade, propicia a interação da turma, incentiva o prazer pela leitura e coloca a criança num contexto favorável à alfabetização. Confira!!!


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