sábado, 25 de julho de 2009

14ª AULA (14/07)

Na aula desse dia houve a discussão do texto "A construção do conhecimento sobre a escrita", de Teresa Colomer e Ana Teberosky. Como a grande maioria dos alunos não havia lido o texto, o professor Ivan fez uma exposição pautando-se nos pontos principais do texto. Após ter lido o texto, produzi as minhas reflexões do mesmo que seguem abaixo.
O texto se propõe a realizar um estudo com base na perspectiva da criança em processo de aquisição da leitura e da escrita e em como a crianç
a constrói seus conhecimentos sobre a linguagem escrita, através das perguntas, da formulação das hipóteses e dos conflitos epistemológicos que ela vivencia.
A aprendizagem da escrita do nome, colocado pelas autoras como, a construção do próprio nome, é um passo significativo nesse processo, uma vez que o nome é um referencial em potencial para as crianças que estão se alfabetizando. Daí se dá a importância do desenvolvimento de um trabalho significativo nesse sentido. A própria Ana Teberosky, em
seu livro "Psicopedagogia da linguagem escrita" aponta algumas questões referentes ao trabalho com nomes próprios:
  • "tanto do ponto de vista linguístico como do gráfico, o nome próprio é um modelo estável;
  • o nome próprio é um nome que se refere a um único objeto, com o que se elimina, para a criança, uma ambiguidade na compreensão;
  • o nome próprio tem valor de verdade, porque se reporta a uma existência, a um saber compartilhado por ambos: emissor e receptor;
  • do ponto de vista da função, fica claro que identificar objetos ou indivíduos com nomes faz parte dos intercâmbios sociais da nossa cultura;
  • do ponto de vista da estrutura daquilo que está escrito, a pauta linguística e o referente coincidem."
Na visão da construção do conhecimento exposta pelas autoras as hipóteses que a criança constrói no decorrer do seu processo de alfabetização são de suma importância pa o mesmo, pois elas refletem o que e como a criança está pensando.
As primeiras diferenciações que a criança faz quanto às marcas gráficas são entre o desenho e a escrita e, a partir daí, começa a formular hipóteses do que pode
e do que não pode ser lido. Para ela há duas carcterísticas principais para o texto que pode ser lido: ter no mínimo dois ou três caracteres e não conter mais de duas ou três grafias repetidas. Essas hipóteses que a criança estabelece para a leitura, são as mesmas que estabelece para a escrita como foi colocado no texto anterior. São as chamadas "hipótese da quantidade mínima" e da "variação interna", tão fortes par a criança em processo inicial de alfabetização.
Uma outra característica importante que as crianças passam a perceber no material escrito é quanto a intenção comunicativa do texto, elas começam a e
ntender que o que está escrito quer dizer alguma coisa. Uma boa estratégia para o professor despertar nos alunos essa concepção de que a escrita tem uma função simbólica é colocar etiquetas com nomes nos objetos da sala de aula, como potes com lápis, borrachas, lápis de cor, giz de cera, cola e ainda no mural, na mesa e na cadeira do professor, no quadro etc. Esse primeiro contato com a funcionalidade comunicativa da escrita leva a criança a pensar que tudo o que está escrito representa um objeto ou uma pessoa, para ela a escrita restringe-se a um nome. Esse ponto também foi aboradado nos textos anteriores e é chamado de "hipótese do nome". Vimos também que aos poucos essa característica vai se modificando e a criança vai fazendo novas assimilações. A importância da hipótese do nome está no fato da criança diferenciar duas perguntas: "o que é?" e "o que diz?". Se colocássemos diante da criança a seguinte imagem e fizéssemos as perguntas ela responderia:




O que é? - Um abacaxi

O que diz? - Abacaxi




ABACAXI

Uma outra hipótese formulada pela criança é a do que está escrito e a do que se pode ler, pois ela elabora suas interpretações a partir do que vê escrito. Por exemplo, se perguntarmos a ela o que está escrito, ela pode dizer "maçã", mas se perguntarmos o que ela pode ler, poderá dizer "maçã vermelha", se estiver diante de uma oração. Essa diferenciação acontece porque a criança ainda não sabe bem o que significa os espaços em branco entre as palavras.
Como já foi explicitado no texto anterior, a criança passa por diferentes hipóteses de escrita. A principal diferença entre a escrita pré-silábica e a escrita silábica está na utilizição da segmentação silábica para escrever uma palavra. Na fase silábica, a criança começa a atribuir uma letra para cada sílaba da palavra, na tentativa de fazer os fonemas corresponderem à representação gráfica. Vejamos nos diagnósticos abaixo realizdo com meus alunos e com meu sobrinho, carcterísticas das hipótese de escrita formuladas pelas crianças:

Essa escrita é do meu sobrinho Guilherme de 5 anos e 4 meses. Propus a ele que escrevéssemos nomes de brinquedos e ele escolheu alguns nomes para escrever. Guliherme estuda numa escola de Educação Infantil que tem um caráter bastante tradicional, podemos perceber até mesmo pelo tipo de letra utilizada por ele para realizar a sondagem. Guliherme ainda encontra-se no nível pré-silábico de escrita, utilizando as letras que conhece do próprio nome para escrever os nomes dos brinquedos modificando somente a posição de algumas para fazê-lo, confirmando a hipótese da variação interna e também a da quantidade mínima, pois não utiliza menos de 5 letras para escrever as palavras. Já essas escritas são de minhas alunas da Educação Infantil, todas encontram-se na faixa etária de 5/6 anos. Como desenvolvi com a turma um projeto sobre os animais, propus fazer a sondagem utilizando nomes de animais. A aluna Maria Karolina ainda encontra-se no nível pré-silábico, utilizando letras quaisquer pra escrever as palavras, mas já utiliza letras além das letras do seu nome. Sua escrita também confirma as hipóteses da quantidade mínima e da variação interna. Já as alunas Maria Eduarda e Gabriela encaixam-se nas características da hipótese silábica. De maneira geral, ambas utilizam uma letra para cada sílaba da palavra e procuram, na medida do possível, associá-las ao valor sonoro correspondente, ora às vogais, ora às consoantes. Ao escrever a palvra CÃO elas deparam-se com a hipótes da quantidade míima e acrescentam um maior número de letras à palavra. A escrita da aluna Isabela Eva foi até mesmo uma surpresa para mim. Sua escrita já ocupa uma fase intermediária, situada entre a hipótese silábica e a alfabética, chamada de silábico-alfbética. Como podemos perceber, Isabela eva já é capaz de analisar a sílaba internamente, escrevendo corretamente algumas , mas ainda omite letras em outras, o que constitui um grande avanço para uma criança em processo de alfabetização e, provavelmente, em breve ela atingirá a escrita alfabética.

A criança ainda na Educação Infantil pode ser capaz de escrever textos, ainda que não utilize a escrita de maneira convencional. Se ela conhece e domina a estrutura de alguns gêneros textuais, como a carta, o bilhete, a poesia, as histórias em prosa, entre outros, ela é capaz sim de produzir seus próprios textos e o professor deve estimular esse potencial da criança, mediando o processo de criação. No início da escrita de seus próprios textos a criança tende a escrever de modo contínuo, sem fazer uma separação dos segmentos, pois ela escreve da maneira que fala, ou seja, reproduzindo as palvras orais, e não falamos de forma segmentada e sim de forma contínua. Para quec a criança perceba que não se dve escrver dessa maneira, o que se tem a fazer para asuperação dessa etapa é colocá-la ainda mais em contato com textos escritos, mostando a ela que as segmentações precisam ser respeutadas nos mesmos. Somente praticando , escrevendo novos textos a criança avança nesse sentido.
É de grande importância para a aprendizgem das crianças que sejam considerados nesse processo aspectos linguísticos sobre a escrita e sobre a linguagem escrita e ainda sobre os processos psiclógicos que estão presentes no seu desenvolvimento. Contudo, ainda há muitas escolas que preocupam-se somente com a escolha do método mais adequado à alfabetização das crianças. Na visão construtivista não há uma preocupação com o método, mas sim com essas questões e com a consideração das práticas culturais e sociais da criança na alfabetização.
Diante disso devemos considerar que a alfabetização não se restringe somente ao espaço escolar, ela transpõe barreiras e se inicia muito antes da criança chegar à escola, em ambientes reais, nos quais a criança está em contato com a leitura e a escrita. Por isso, o professor deve encarar seu aluno como um ser ativo que tem inúmeros saberes a serem aproveitados ao longo das aulas e acrescentar a esses saberes conhecimentos sistematizados dos processos de aquisição da leitura e escrita convencional.

Esse foi o último texto discutido na disciplina. A última aula acontecerá no dia 28/07 , onde será realizada a socialização dos Portfólios Eletrônicos.



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