sexta-feira, 24 de julho de 2009

CONCLUSÕES A PARTIR DO EXERCÍCIO REFLEXIVO REALIZADO COM BASE NO TEXTO: "ORALIDADE E ESCRITA"



Finalmente, estou realizando a postagem referente às minhas conclusões acerca do exercício reflexivo realizado ainda no início do período com base no texto: "Oralidade e escrita", após o exercício ter sido anlisado por outra dupla e pelo professor Ivan. Segue o texto produzido a partir de minhas reflexões do exercício proposto.

O texto aborda características de grande importância para o desenvolvimento da oralidade. Destacarei os pontos mais importantes abordados no exercício reflexivo.

O texto propõe a definição e as características da atividade conversacional, explicitando que a mesma consiste num diálogo, numa conversa entre duas ou mais pessoas, isto é, interlocutores acerca de uma determinada temática que faça parte da realidade, do cotidiano dessas pessoas. Para que essa interação se dê é necessário que seja organizada em turnos, ou seja, os interlocutores alternam constante e variavelmente suas falas ao realizá-la.

A atividade conversacional pode ser estabelecida de diversas formas, num certo tempo e situação social, podendo ocorrer via telefone, sites e programas de relacionamento na internet e ainda da maneira mais comum, pessoalmente. É válido ressaltar que toda atividade conversacional apresenta um caráter interativo, uma vez que se dá a relação de pessoas seja qual for a situação.

A atividade conversacional pode ser caracterizada através de três elementos primordiais: a realização (produção), a interação e a organização (ordem). Dessa forma, podemos concluir que para a existência da atividade conversacional é imprescindível que haja interação entre os participantes, como já colocado anteriormente, uma vez que é através da mesma que podemos identificá-la e estabelecer um rumo e uma organização para a produção textual que se dá no ato do discurso conversacional.

Existem variáveis que compõem o modelo de organização conversacional. As variáveis são assim chamadas, pois não tem caráter fixo numa atividade conversacional, sofrendo variações em cada uma delas. São elas:

  • Tópico ou assunto: é o tema sobre o qual discorrerá a conversa;
  • a situação: faz referência à ocasião em que se estabelece o ato conversacional e ainda à interferência provocada pela ocasião na fala e nas atitudes dos participantes;
  • os papéis dos participantes: as pessoas participam de várias situações sociais e que para cada tipo de situação devem se comportar de acordo com o que aquela situação exige, ou seja, assumimos papéis diversos dependo da situação social que vivenciamos;
  • o modo do discurso: se dá de acordo com o contexto da conversação, que pode exigir mais ou menos formalidade
  • o meio do discurso: refere-se ao canal em que a comunicação será estabelecida, podendo ser de diversas formas

O texto falado apresenta cinco características básicas, sendo elas: interação entre pelo menos dois falantes, pois para que haja interação se faz necessária a presença de no mínimo duas pessoas, com interesse pelo assunto desenvolvido; ocorrência de pelo menos uma troca de falantes, pois para haver interação é necessário que haja, no mínimo, uma troca de falas entre os participantes durante a conversa; presença de uma seqüência de ações coordenadas, pois é necessário um mínimo de organização de eventos que se dão no curso natural do diálogo, para que a mesma ocorra de maneira que os envolvidos possam entender e se fazer entendidos; execução num determinado tempo, que refere-se à duração de tempo de um determinado discurso conversacional e ainda do tempo que cada falante tem para executar a fala de seu interesse; envolvimento numa interação centrada, que diz respeito à maneira peculiar que se organiza cada interação, dependo do propósito que esta queira alcançar.

A fala pode se estruturar nos níveis local e global. O nível local refere-se ao estabelecimento da comunicação em turnos, ou seja, aquilo que o falante comunica enquanto está de posse da fala, onde os falantes alternam-se constantemente, cada um no seu tempo, para realizar seus discursos. Pode haver durante essa conversação pausas, um falante tomando a vez do outro para falar, um falante interrompendo a fala do outro.

Exemplificação:

Criança 1 : a minha mãe me deu um carro de controle remoto de presente...vermelho

Criança 2: eu já tenho um, o meu é azul...minha vó que me deu

Criança 1: sua mãe deixa você trazer o seu pra escola?

Criança 3: no dia do brinquedo, eu vou trazer o meu boneco do Max Steel ...e você vai trazer o que?

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Criança 1: eu vou trazer o meu carro de controle remoto...o novo...

Criança 2 : deixa sim, vou trazer o meu também.

Já o nível global, que envolve também a organização do nível local, amplia a organização do texto, ou seja, do discurso, para um nível global, formulando-o de maneira que respeite as regras desse nível, principalmente no que se refere ao modo de direcionamento do assunto que se pretende estabelecer na conversa.

Exemplificação:

Criança 1: ontem eu fui na praia de Copacabana com o meu pai e a minha mãe, foi muito legal, eu tomei picolé e mergulhei várias vezes e nem me afoguei...meu pai me ensinou a nadar

Criança 2 : você vai pintar o desenho da casa de que cor?

Criança 1: acho que eu vou pintar colorido, a janela de azul, a porta de vermelho e o telhado de amarelo...vai ficar bonito assim

Criança 2: vamos pintar igual?

Criança 1: vamos...mas tem que ser das cores que eu disse

Criança 2: tá bom

Criança 1: ah...e a parede a gente deixa branca mesmo...aí quando seu tava lá na praia eu vi um monte de salva-vidas, meu pai disse que eles ficam lá para salvar quem se afoga...

Alguns fatores são extremamente necessários para a construção de um texto oral, apesar do mesmo ser de caráter espontâneo. Esses fatores são a coesão e a coerência.

A coesão aparece para organizarmos o texto em suas diferentes formas, tanto ao longo do mesmo, quanto em suas concordâncias.

A coesão referencial está ligada à repetição demasiada no recurso, com a intenção de afirmar ou reafirmar algo, ou ainda de explicar melhor determinado fato ou situação. Essa idéia também pode ser reforçada com a fala de outro indivíduo no mesmo discurso.

Exemplo:

Eu fui ao mercado fazer compras, no mercado havia muitas pessoas, as pessoas que estavam dentro do mercado ficaram chateadas com a cena que viram, a mãe batendo no menino dentro do mercado na frente das pessoas.

A coesão recorrencial distingui-se da seqüencial, no aspecto da repetição da fala de outrém, porém com a troca da palavra principal por outra específica, essa coesão se dá pela repetição de um determinado trecho na continuidade de uma conversa.

Exemplo:

L1- Maria estava como muito medo de passar por ali naquele horário.

L2- Ela estava com receio de ter que passar por ali.

Coesão sequencial - Dá-se devido à repetição exacerbada das conjunções que exercem diversos papéis no discurso.

Exemplo:

L1- E a aula de Ciências, foi muito legal, gostei de ir ao Laboratório de Ciências, o que você achou?

L2- Foi legal , mas faltou mais ação, a aula foi muito parada e além do mais não gosto muito de Ciências e prefiro História.

L1- Você é um chato e não sabe o que é aula boa.

Essa situação aconteceu entre dois amigos de longos anos, que estudavam juntos e discutiam sobre a qualidade da aula de ciências. Nesse discurso percebe-se a presença da conjunção e de forma repetida.

Para a formulação de um texto conversacional são necessários alguns elementos como o turno, o tópico discursivo, os marcadores conversacionais e o par adjacente. Abaixo explicaremos estes elementos exemplificando.

TurnoA fala da pessoa do discurso enquanto a palavra está em sua posse, inclusive o silêncio pode ser um turno, pois é o momento da fala no qual a pessoa optou por se calar. Uma conversação oral é composta por vários turnos, algumas regras são válidas para os turnos, como a pausa entre um turno e outro, falar um de cada vez. Não há limites de extensão, tamanho, ou ordem nos turnos e vale lembrar que, essas regras são totalmente flexíveis, pois estamos falando de uma conversação ou um diálogo que é gerado de forma espontânea.

Exemplo:

L1- Vou à festa do Ivan, na sexta-feira, você vai?

L2- Não sei, porque na sexta tenho aula na faculdade.

L1- Que pena! A festa será fantástica, rolará um churrasco e muita gente bonita!

L2 - Pensando bem...Que horas começa a festa mesmo?

L1- Às 22:00, você pode chegar depois!

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L2- Oh! Yes! Posso ir estudar e depois arrasar na festa!

Tópico discursivo - O assunto principal do discurso, o qual está se falando, elemento central da conversação oral, num discurso pode haver assuntos secundários gerados pelo central ou não, devido à espontaneidade do mesmo.

Exemplo:

L1- Vocês viram o último lançamento do livro do César Coll?

L2- Claro que sim, é extremamente interessante, fala sobre o desenvolvimento dalinguagem e da fala, inclusive ressaltando a oralidade das crianças de 0 à 6 anos.

L1- Você já o adquiriu?

L2- Sim, claro, você sabe que tenho a coleção dos livros de César Coll!

L1- Então me empresta um, por favor, para fazer o meu trabalho da faculdade!

No término da conversa, percebemos que a real intenção de L1 era saber se L2 possuía algum livro de César Coll para emprestá-la e não saber realmente se ela havia visto o último lançamento do autor.

O tópico discursivo, por sua vez, também apresenta diferentes elementos para sua formação, são eles:

Centração - O central, a base e o assunto que está sendo discutido pelo tópico.

Organicidade - A relação organizada e de forma linear que os assuntos devem ter, indo do mais especifico para os secundários, porém sempre relacionando-os.

Delimitação local - Observa a sequência lógica que um assunto deve ter, possuindo início, meio e finalização com coerência, porém a imprevisibilidade do discurso, atrapalha esta linearidade exacerbada, ou seja, é complicado prever como acabará um discurso oral.

Exemplo do tópico discursivo, aplicando as propriedades:

L1- Fui à escola de minha prima na quinta – feira.

L2- Como ela está?

L1-Está bem, porém temo que ela fique reprovada.

L2- Por que?

L1- Porque suas notas não andam nada bem e além do mais ela está com muitos problemas familiares.

L2- O que aconteceu?

L1- Seu pai morreu!

L2- Nossa, que pena!

L1- É complicado quando alguém da família morre de forma tão rápida.

L2- Eu entendo.

Marcadores conversacionaisSão palavras que quando pronunciadas numa conversação resultam numa interação, mantendo assim o texto conectado, mesmo com expressões: Ah! Hum! Uhn! etc.

Existem também os marcadores não linguísticos que são evidenciados numa conversa pessoal entre as pessoas do discurso, vale ressaltar que nos monólogos há pausas propositais no intuito de dar um tempo para pensar – se sobre o assunto que está sendo discutido.

Há quatro tipos de marcadores:

Os marcadores simples - são compostos por uma só palavra.

Exemplo: certo.

Os marcadores compostos - formados por duas palavras.

Exemplo: com certeza.

Os marcadores oracionais – que são compostos por pequenas orações que são diversificadas, ou seja, podem ser exclamativas, interrogativas, afirmativas etc.

Os marcadores prosódicos - entende-se como um marcador verbal, que utiliza os recursos prosódicos. Um exemplo bem interessante desses marcadores é o tom de voz que numa conversa oral, podem ser ditas inúmeras coisas, porém a maneira como são faladas, afetam fundamentalmente a compreensão do discurso.

Estes marcadores constituem a base contínua do texto de conversação oral, não permitindo sua desconexão.

Exemplo:

L1- Gostaria de ir ao baile de formatura comigo ?

L2- Certo, uhn, podemos até ir, porém não acredito que será legal.

L1- Por que meu amor? Certamente será inesquecível.

L2- Com certeza será, ao meu lado e ao lado do meu namorado!

L1- Oh! Desculpas! Perdão!

Este é um discurso de dois adolescentes, um que deseja a qualquer custo conseguir um par para o baile de formatura que será na próxima noite.

Par adjacente Elemento básico da conversação, geralmente toda conversação oral, vem acompanhada por um par, podendo ser ele, de pergunta e resposta, de saudação- saudação - na verdade são poucas as conversas que não utilizam estes recursos, as possibilidades de utilização destes pares são várias e de preenchimento também, o par adjacente e o tópico discursivo estão intimamente ligados. Este pode ocorrer também como forma organizacional da conversa. Vários fatores colaboraram para a elaboração dos pares, como o grau de intimidade entre os falantes.

Exemplo:

L1- Você já viu algum filme relacionado à educação?

L2- Já, vários, mas estou querendo alugar alguns sobre a nova escola, O que você acha ?

L1- Perfeito, podemos ver na próxima terça?

L2- Combinado.

Alguns recursos dentro do tópico podem ser encontrados como a introdução de tópico que o locutor utiliza um par, ou até mesmo outros dentro do mesmo texto.

Exemplo:

L1- Sua mãe lhe leva todos os dias à escola?

L2- Sim, porém tem alguns dias que minha tia me leva.

L1- Eu vou de transporte, minha mãe prefere assim.

Esse foi um diálogo entre dois coleguinhas da escola à respeito da forma como vão à escola.

Outro recurso é a continuidade do tópico: dentro de um turno podem ser emitidas diferentes e contínuas respostas a um mesmo assunto.

Exemplo:

O inspetor falou com a menina ... porém a mesma não ouviu... disse-lhe que por favor não batesse nos outros alunos... porém a mesma nem se importou.


Apesar de inicialmente ter tido uma má impressão do texto, realizando o exercício reflexivo pude perceber quantos pormenores estão implicados na nossa fala. Foi bastante interssante realizar essa tarefa, pois é uma temática que dificilmente é abordada no nosso curso e tivemos a oportunidade do aprofundamento das questões principais colocadas no texto através da realização do mesmo. Percebi também que como educadores temos que entender tais questões, para poder explorar a oralidade dos alunos de forma adequada em sala de aula.


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